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Arrepender-se do quê?

1 Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, cujo pecado é coberto.

2 Bem-aventurado é aquele a quem o Senhor não atribui iniquidadee em cujo espírito não há engano.

3 Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia.

4 Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor secou como no calor do verão.

5 Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Eu disse: "Confessarei ao Senhor as minhas transgressões"; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado.

6 Sendo assim, todo o que é piedoso te fará súplicas em tempo de poder te encontrar. Com efeito, quando transbordarem muitas águas, não o atingirão.

7 Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e me cercas de alegres cantos de livramento.

8 Eu o instruirei e lhe ensinarei o caminho que você deve seguir; e, sob as minhas vistas, lhe darei conselho.

9 Não sejam como o cavalo ou a mula, que não têm entendimento, que são dominados com freios e cabrestos;do contrário não obedecem a você.

10 Muitos são os sofrimentos do ímpio, mas o que confia no Senhor, a misericórdia o cercará.

11 Alegrem-se no Senhor e regozijem-se, ó justos; exultem, todos vocês que são retos de coração

Salmo 32.1-11.


No sermão passado vimos que Deus perdoa, mas também é tão santo que não pode deixar a injustiça e a maldade passarem sem punição (Êxodo 34.6,7). Ora, Deus pode tanto ser justo em relação ao pecado quanto justificador em relação aos pecadores. Perder de vista o preço do perdão resulta em uma confissão superficial, passageira, que não leva a uma transformação real do coração. Perder de vista a gratuidade do perdão, no entanto, leva à culpa, à vergonha e ao autodesprezo constantes.


Quando esquecemos a gratuidade da graça, o arrependimento é hipócrita, conduzindo apenas a uma sujeição forçada da vontade, e não a uma transformação de visão, motivação e coração. Seria injusto da parte de Deus negar-nos perdão porque Jesus fez por merecer nossa aceitação junto ao Pai (1Jo 2.1,2a). Saber que somos amados e aceitos apesar dos nossos pecados torna muito mais fácil admitir nossas falhas e delitos. Quanto mais sabemos que somos perdoados, mais nos arrependemos; quanto mais rápido crescemos e mudamos, mais profunda é nossa humildade e alegria.


Contudo, também vimos que é igualmente errado encarar o perdão com leviandade e esquecer o seu preço. Nossa grande dívida e pecado contra Deus exigiu um pagamento infinito: Deus Filho. Precisamos nos sentir internamente entristecidos e chocados o suficiente por um pecado a fim de que ele perca o poder sobre nós. Mas tenha cuidado se você não se entristece pelo pecado em si, mas apenas por suas consequências dolorosas.


Ao dizer "Pequei contra ti, contra ti somente" (S1 51.4), Davi não estava negando que havia errado contra seres humanos. Ele enxergou que quando pisava nas pessoas, ofendia ao Deus (Levítico 6.2). No Salmo 32, Davi disse: "Confessei-te o meu pecado" (v. 5a); "a minha iniquidade não mais ocultei" (v. 5b). Há várias maneiras de encobrir nosso pecado. Podemos justificá-lo ou minimizá-lo pondo a culpa nas circunstâncias e em outras pessoas. Todavia, o arrependimento real primeiro reconhece o pecado como pecado e assume total responsabilidade por ele. Além disso, o arrependimento verdadeiro só começa quando a autopiedade termina, e nós começamos a nos afastar do nosso pecado por amor a Deus e não por mero interesse próprio.


Portanto, Davi não só reconhece seus atos pecaminosos, mas também descobre as atitudes do coração que levam às transgressões, para enfrentá-las com pensamentos sobre a grandiosidade e o amor leal de Deus, até que os motivos para a obstinação e o egoísmo comecem a enfraquecer e a ruir. Ele reconhece o pecado com a mente e o rejeita com o coração.


John Owen e a mortificação do pecado


Nada mais natural do que perguntar: "Mas esse 'rejeitar o pecado' não é mais ou menos como chafurdar na culpa?". Não devemos nos ver como filhos gratuitamente justificados e amados da família de Deus? Sim, mas ser filho de Deus não é apenas descansar seguro em seu amor — é também querer agradar a nosso Pai e a ele nos assemelharmos. Isso significa que, quando pecarmos, aproveitaremos cada oportunidade para buscar o perdão de Deus por tê-lo desagradado, e também assumiremos as dores de procurar ter um coração que não o desagrade tão prontamente no futuro. Não só reconheceremos o pecado, mas também o rejeitaremos, como diz Stott. Contudo, como faremos isso?


John Owen (séc. XVII), considerado o “príncipe dos teólogos puritanos”, tendo sido vice-chanceler da Universidade de Oxford e conselheiro e capelão do governo Oliver Cromwell, escreveu um pequeno clássico sobre esse assunto que recebeu o título A mortificação do pecado. Mortificação é uma palavra antiga que significa matar algo. Significa fragilizar o pecado no plano motivacional ao meditar sobre a santidade e o amor de Deus em Cristo, e sobre outras doutrinas bíblicas, e então enxergar nosso pecado específico à luz dessas coisas. O processo faz o pecado parecer nada atraente para nós. Sob essa luz verdadeira, passamos a ver a insensatez e a malignidade do pecado, e nos tornamos mais capazes de resistir a ele no futuro.


Isso só pode acontecer, escreve Owen, se nosso propósito for mais do que apenas enxergar o perigo do pecado — isto é, as suas consequências — e estivermos dispostos a encontrar maneiras de convencer nosso coração da gravidade do pecado — de como ele desonra e entristece aquele a quem tudo devemos. Se pensarmos somente no perigo do pecado, e então o confessarmos, descobriremos que nosso arrependimento é voltado para nós mesmos, e acabaremos cometendo as mesmas falhas de caráter e reproduzindo os mesmos padrões de transgressão. Owen argumenta:


"Em tempos de algum juízo, calamidade ou aflição premente, o coração é então assaltado por pensamentos e maquinações de fuga dos problemas, temores e perigos presentes. Isso, como conclui uma pessoa convicta, só deve ser feito pela renúncia ao pecado, o que confere paz com Deus. É a raiva de Deus em cada aflição que desgasta uma pessoa convicta. Para se livrar disso, os homens deliberam em tais momentos contra os próprios pecados. O pecado nunca mais deve ter qualquer lugar neles; jamais se entregarão outra vez a serviço do pecado...


Consequentemente, o pecado silencia, não se agita, parece mortificado; não que tenha sido ferido de fato, apenas que a alma apossou-se das próprias faculdades, por meio das quais deveria se impor com pensamentos incompatíveis com os impulsos do mesmo [do pecado], as quais, quando postas de lado, permitem ao pecado retornar à antiga vida e vigor" (p. 26-7). "Deve-se insistir [...] nos princípios verdadeiros e aceitáveis da mortificação [quais sejam] o ódio ao pecado como pecado, não só porque desgastante ou inquietante. [...] Ora, é certo que isso de que falo procede do amor-próprio. Você está determinado, com toda diligência e seriedade, a mortificar tal luxúria ou pecado; por que razão? Ele o inquieta, levou embora sua paz, enche seu coração de dor, e aborrecimento, e medo; você não tem descanso por causa dele" (p. 41).


Em vez disso, Owen nos aconselha a identificar nossos padrões habituais de pecado e a oprimi-los com pensamentos "espiritualmente vivos" sobre Deus e a salvação, que funcionam como veneno para os hábitos pecaminosos: "Sufocá-lo [o pecado] diariamente com todas as coisas... que são repugnantes, mortais e destrutivas para ele é o ponto alto dessa luta." (p. 32). Ora, que pensamentos são esses?


Owen apresenta uma gama notável de doutrinas para aplicarmos a nós mesmos com o objetivo de enfraquecer o poder do pecado sobre nós. Exorta-nos a pensarmos na nossa atual intimidade com o Pai e o Espírito Santo, na justiça da Lei, no alto preço do sacrifício de Cristo, na glória e na majestade transcendente de Deus e na paciência do Senhor para conosco. Ele mostra como podemos meditar em cada uma dessas verdades bíblicas de modo a vermos diminuir em nós os temores, o egoísmo, o orgulho e a obstinação, como o fungo e o mofo morrem sob os raios quentes do sol. Owen não nos oferece um template (modelo) de programa para ser usado por todos. Em vez disso, nos chama a aprendermos os caminhos do nosso coração e a elaborarmos solilóquios (monólogo dirigido a si) espirituais — modos de falar ou mesmo pregar ao próprio coração empregando verdades bíblicas de maneira a enfraquecer em especial as nossas falsas crenças e atitudes erradas.


Owen nos dá alguns discursos impressionantes – nitidamente extraídos da própria vida de oração — mostrando de forma vívida como a "mortificação" de fato acontece no coração. Seus modelos de solilóquios nunca dizem "Preciso parar com isso ou serei punido", o que só alimenta o egocentrismo do pecado, ainda que você pense que está se arrependendo. Antes, dizem, por exemplo, "Como posso tratar Jesus assim — aquele que morreu a fim de que eu nunca fosse punido? É assim que trato aquele que me trouxe a esse estado de ser amado incondicionalmente? É assim que o trato depois de tudo o que ele fez? Fracassarei em perdoar quando ele morreu para me perdoar? Ficarei ansioso por perder dinheiro quando ele se entregou para ser minha segurança e riqueza verdadeiras? Alimentarei meu orgulho quando ele se esvaziou da própria glória para me salvar?".


Embora Owen mostre ser possível enfraquecer o pecado meditando em grande variedade de doutrinas bíblicas, ele privilegia as verdades no coração do evangelho. Diz que os esforços para deter o pecado provenientes das "condenações da lei" só conseguem deter por algum tempo "determinados pecados", mas aqueles esforços que buscam enfraquecer o pecado "pelo espírito do evangelho" transformam a pessoa por inteiro — mente, vontade e afetos. Owen está afirmando aqui que a mortificação que brota apenas das convicções da lei — isto é, da crença de que podemos nos salvar por meio de esforço próprio — não consegue mudar de verdade um coração pecador. Ela só é capaz de reprimir o comportamento por algum tempo mediante pressão externa. São as verdades do evangelho — o amor de Jesus que o leva a morrer por nós, seu compromisso incondicional conosco, seu sacrifício de alto custo, nossa adoção na família de Deus — que tornam o pecado em si odioso aos nossos olhos.


Isso não quer dizer que os cristãos que entendem as verdades do evangelho não possam recorrer à lei de Deus como auxílio para enfraquecer o pecado. Em muitos lugares ele diz aos cristãos para que "tragam seu pecado" à lei e ao evangelho (Mortification of sin, Works, vol. 6, p. 57-8). No entanto, esse conselho vem acompanhado de advertências lembrando aos cristãos que não podem voltar a se colocar debaixo da condenação da lei por seu pecado, e que a ênfase exagerada no perigo do pecado e na lei pode levar ao espírito legalista, que só consegue deter os atos pecaminosos temporariamente e não transformar o coração.


Esse modo centrado em Deus de confessar e rejeitar o pecado é um instrumento poderoso de transformação. O medo das consequências muda o comportamento por meio de coerção externa – os impulsos internos permanecem. Contudo, o desejo de agradar e honrar aquele que nos salvou e que é digno de todo louvor — isso sim nos transforma de dentro para fora. O autor puritano Richard Sibbes, em seu clássico The bruised reed [A cana ferida], diz que o arrependimento não é "o pequeno gesto de abaixar a cabeça [...] mas sim a atitude de levar o coração a experimentar tamanha dor a ponto de tornar o [próprio] pecado mais odioso para nós do que o castigo".


Autoexame e arrependimento


A confissão não deve ser feita simplesmente em resposta a um pecado do qual você já está ciente e convicto. Nossa vida de oração é o momento em que devemos examinar nossa vida e encontrar os pecados aos quais, não fosse esse exame, permaneceríamos insensíveis ou estaríamos ocupados demais para reconhecer. Devemos ter períodos regulares de autoexame e neles empregar diretrizes provenientes de descrições bíblicas do que um cristão deve ser. Martinho Lutero aconselhava a adoção de meditações regulares ou mesmo diárias sobre os Dez Mandamentos. Seu método de meditação recomendava que a pessoa ponderasse acerca da maneira pela qual violava cada mandamento com atos ou atitudes do coração. Esse tipo de autoexame requer certo domínio do que cada mandamento proíbe e ordena.


Muitos dos catecismos da Reforma, como o Catecismo de Heidelberg, o Catecismo Maior e o Breve Catecismo de Westminster oferecem listas longas e específicas que podem ajudar o crente a confessar seus pecados. Outro guia para o autoexame pode ser o fruto do Espírito listado em Gálatas 5.22-24. Isso requer que você estude e compreenda quais são os frutos espirituais, seja o amor, a alegria, a paciência, a amabilidade, o domínio próprio, seja algum outro. Você deve ter uma boa ideia do aspecto de cada fruto na vida, bem como da ausência de cada um deles. Uma vez de posse desse “conhecimento”, você pode aplicar o método de meditação de Lutero a cada fruto e assim fazer um bom autoexame espiritual.


No século 18, por exemplo, o evangelista britânico George Whitefield escreveu certa vez: "Deus, dá-me uma humildade profunda, um zelo bem-direcionado, um amor ardente e um olhar determinado, e deixe então que homens ou demônios deem o pior de si!". Essas quatro características compõem um bom resumo da vida cristã essencial. Veja como poderíamos transformá-las em um autoexame diário:


1.Humildade profunda. Exame: Tenho menosprezado alguém? Tenho me ofendido demais com críticas? Tenho me sentido esnobado e ignorado?

Devo considerar a livre graça de Jesus até sentir: (a) o desdém diminuindo, uma vez que também sou pecador; (b) diminuindo a dor da crítica, visto que eu não deveria valorizar a aprovação humana mais do que o amor de Deus. À luz de sua graça, posso abrir mão da necessidade de manter minha boa imagem — é um fardo pesado demais e agora desnecessário. Reflito sobre a graça até experimentar alegria serena e plena de gratidão.


2.Um zelo bem-direcionado. Exame: Tenho evitado pessoas ou tarefas que sei que deveria enfrentar? Tenho me sentido ansioso e preocupado? Tenho deixado de agir com prudência ou sido precipitado e impulsivo?

Devo considerar a livre graça de Jesus até que não haja: (a) fuga covarde das dificuldades, uma vez que Jesus enfrentou o mal por mim; (b) nem comportamento ansioso ou precipitado, uma vez que a morte de Jesus prova que Deus se importa comigo e cuidará de mim. É preciso orgulho para ser ansioso, e reconheço que não sou sábio o suficiente para saber como minha vida deve se desenrolar. Reflito sobre a graça até experimentar uma contemplação serena e uma ousadia estratégica.


3.Um amor ardente. Exame: Tenho falado ou pensado de forma grosseira acerca de alguém? Justifico-me caricaturando alguma pessoa em minha mente? Tenho estado impaciente e irritado? Tenho andado absorto, indiferente e desatento às pessoas?

Devo considerar a livre graça de Jesus até que não haja: (a) nenhuma frieza ou descortesia, enquanto penso no amor sacrificial de Cristo por mim; (b) nem impaciência alguma, enquanto penso em sua paciência comigo; (c) tampouco haja qualquer indiferença quando penso em como Deus é infinitamente atencioso para comigo. Reflito sobre a graça até conseguir sentir carinho e afeição.


4.Um olhar voltado para uma só direção. Exame: Faço o que faço para a glória de Deus e para o bem das pessoas ou impulsionado por temores, necessidade de aprovação, amor ao conforto e à tranquilidade, necessidade de estar no controle, fome de aclamação e poder ou medo das pessoas? (Lc 12.4-5) Tenho olhado para alguém com inveja? Estou cedendo nem que seja aos primeiros impulsos de lascívia ou glutonaria? Gasto meu tempo com coisas urgentes em vez de coisas importantes, por causa desses desejos descontrolados?

Devo considerar como a livre graça de Jesus me fornece aquilo que estou procurando nessas outras coisas.


Talvez a parte do arrependimento mais crucial e com maior capacidade de nos vivificar se encontre no uso da alegria e dos benefícios do evangelho tanto para trazer convicção quanto para trazer segurança ao mesmo tempo. As orações de arrependimento pelo orgulho, pela frieza e pela falta de amor, pela ansiedade e pela dúvida poderiam, por exemplo, ser assim:


“Ó Senhor, caí no pecado do orgulho, mas na cruz tu te converteste em alguém sem reputação nenhuma e abriste mão de todo teu poder e glória — por mim! Quanto mais te agradeço e me regozijo por teres feito isso, menos preciso me preocupar com minha própria honra e reputação, com o fato de as pessoas me aprovarem ou não.”


“Ó Senhor, caí no pecado da frieza e da irritabilidade, mas naquele jardim, pouco antes de morrer, foste tão gentil e nos reafirmaste, mesmo quando dormimos e o abandonamos. Na cruz te entregaste por pessoas que te abandonaram ou escarneceram de ti. Quanto mais agradeço e me regozijo pelo fato de teres feito isso por mim, mais isso abranda minha dureza e torna-me capaz de ser paciente e atencioso com as pessoas ao meu redor.”


“Ó Senhor, caí no pecado da ansiedade e do medo, mas tu enfrentaste os perigos mais assombrosos por mim. Tu foste rasgado em pedaços, com muita coragem, por mim, a fim de que eu pudesse ser completamente amado e salvo em ti por toda a eternidade. Se foste corajoso por mim ao enfrentar aquelas maldades esmagadoramente cósmicas, sei que estás comigo agora. Por isso, posso me manter firme enquanto enfrento meus problemas.


Jesus é capaz de remover a mancha


Quando Jesus transformou a água em vinho em Caná, usou grandes jarros de pedra como vasos para seu milagre. Esses jarros eram utilizados nos ritos da purificação cerimonial prescritos pela lei judaica (Jo 2.6-8). A lavagem e a aspersão eram maneiras pelas quais o sistema cerimonial judaico transmitia uma verdade crucial — de que nenhum de nós é o que deveríamos ser, de que todos sabemos da vergonha e da culpa e de que devemos fazer alguma coisa para nos purificarmos da sujeira e da mancha do pecado, antes de entrarmos na presença de Deus. Ao pôr seu vinho em tais jarros, Jesus anunciou simbolicamente que veio para trazer a realidade para a qual todos os ritos cerimoniais apontavam — a expiação e a purificação definitivas do pecado.


Tim Keller cita os discursos de Lady Macbeth pra dizer que talvez não haja retrato mais cativante da agonia da culpa. Tendo ajudado o marido nos assassinatos de Duncan e Banquo, a mente dela se esmaga debaixo da vergonha e da culpa pelo que fizera. Ela vê manchas de sangue na mão. "Fora, manchas malditas! [...] Quem haveria de pensar que o velho tivesse tanto sangue dentro de si." Ela sente o cheiro do sangue e vê a mancha na mão, e por mais que se esforce não é capaz de removê-la. Esse é um retrato da raça humana, claro. Sabemos que estamos manchados, podemos senti-lo, mas esmurrar-nos e fazer boas obras não consegue erradicar o problema. A mancha parece indelével. "Nem todos os perfumes da Arábia conseguirão limpar essa pequena mão." Nada do que ela pudesse fazer tiraria a mancha.


Jesus, no entanto, diz que consegue fazê-lo. Ele morreu na cruz para levar embora as sujeiras e manchas que, sozinhos, não conseguimos remover. Por isso devemos parar de tentar nos purificar através da autopunição ou de obter um senso de pureza vivendo em constante negação do pecado. Em vez disso, temos de ir a ele em oração, olhando para sua obra na cruz, e tanto reconhecer nosso pecado quanto rejeitá-lo.


Assista o Sermão completo no Youtube:



 
 
 

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